segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Projeto verão. Só que não.



Como ter um "corpo de praia"? 1. Tenha um corpo 2. Vá à praia - (*beach body refere-se a um estereótipo de "corpo perfeito" ou "adequado" no contexto de ir à praia)
Já estamos em dezembro! Sol, calor, pouca roupa, biquíni, mar, piscina, picolé, camarão frito, férias, viagem... E também tem o Natal, comida da mãe, da tia, da avó, panetone, rabanada, peru, comida salgada misturada com doce que você não sabe se é doce ou salgada mesmo... Ai, calma! Preciso emagrecer!

O verão 2013 só começa no final de dezembro, mas todo ano é a mesma coisa – promessa de emagrecer no ano novo e pânico com a aproximação do final do ano. É engraçado, parece até que as pessoas só lembram que têm umbigo no verão!

Ah, mas nas academias o “projeto verão” já está bombando! A moda deste ano não é mais a “barriga negativa”, é a “bunda na nuca”... Oi?

E nós nutricionistas, coitados, recebemos um monte de pedidos de dieta para emagrecer com saúde (claro, com saúde), até o dia da viagem, que é no final do ano. Só se for no final do ano que vem, porque emagrecer com saúde os quilos ganhados nos últimos anos em 1 mês é impossível, não dá. A não ser que você acredite em Papai Noel...

E por que não funciona? Porque começam errado! As pessoas não tem que emagrecer para o verão. Não tem que emagrecer para entrar no biquíni, no vestido X ou para ir ao casamento. Para emagrecer, qualquer dieta maluca funciona, porque estamos pressupondo um período curto com data para começar e terminar. Depois da festa, do evento, do verão, com o término do “contrato”, digamos assim, é certeza de que os velhos hábitos e os quilos voltarão.

E outra, por que precisamos emagrecer para o verão? Você será incapaz de curtir suas férias porque não tem uma barriga chapada, coxas de passista de escola de samba ou braços do Johnny Bravo? E não venham com a desculpa de que querem emagrecer para ser saudável porque acabamos de ver que isto é impossível!

 
Existem muitas pessoas que se beneficiam com uma perda de peso? Sim, sem dúvida. A perda de peso pode refletir na diminuição da pressão arterial, reduzir problemas articulares, apneia do sono... Mas estas pessoas provavelmente passam por acompanhamento médico e nutricional e atingem estes objetivos com um tempo maior de acompanhamento e com mudanças positivas nos hábitos alimentares e estilo de vida em geral. E esta perda de peso não é para virar modelo, é uma perda de peso em torno de 10%...

A magreza hoje é tratada erroneamente como sinônimo de saúde, sucesso e felicidade. A juventude também é um pouco assim. Eu ainda não descobri quem inventou isso... Nessas horas penso na minha avó: 73 anos, imigrante, rugas, cabelos brancos, nenhuma plástica, eutrófica, mas sem bunda na nuca, nunca fez dieta (mas passou fome quando veio e antes de vir para o Brasil), nunca foi executiva, dona de casa, cozinha muito bem. É linda, alegre, fala palavrão, é elétrica, faz a gente chorar de rir, é cheia de vida e de histórias pra contar! A gente definitivamente não precisa se encaixar em um padrão pra ser feliz (ou fazer alguém feliz).

A perda de peso, o ganho de massa muscular, uma pele viçosa, cabelos macios, unhas fortes, disposição são reflexo da saúde, que vem com uma boa alimentação, com a prática de atividade física prazerosa e regular, estilo de vida. De vida, não são 3 meses, não é 1 ano, são todos os anos.

Alimentação saudável, aquela pautada na variedade de alimentos, cores e sabores, no prazer de comer, no ato de dividir com outras pessoas demora um tempo para ser colocada em prática. Tem altos e baixos, dias de excessos, dias de experimentar coisas diferentes, dias de “comida normal” e não tem estação do ano ou data pra acabar.

 

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